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Ajudar os outros: Um acto egoísta?

Alguma vez já parou para ajudar uma pessoa idosa a atravessar uma estrada? Ou ofereceu o seu tempo para ajudar a sua comunidade local?

Nós todos fazemos coisas na nossa vida para ajudar outras pessoas que precisam de apoio. Mas você já parou para pensar sobre o raciocínio por detrás de suas decisões? É simplesmente ajudar os outros, sem benefícios para si mesmo, ou está a ajudar porque o faz sentir satisfeito, ou porque espera que os outros vão ajudá-lo quando precisar?

Somos altruístas ou egoístas?

Os dois tipos de comportamento descritos acima são conhecidos como o altruísmo e egoísmo. O altruísmo é o ato de ajudar os outros, independentemente do seu próprio benefício direto ou indireto  (ajuda desinteressada). Este ato pode ser o de ajudar uma pessoa individual ou uma comunidade mais ampla de pessoas. O egoísmo é a teoria de que a motivação e o objetivo da sua ação é, ou deveria ser, um benefício para você mesmo (ajuda egoísta).1 Esses princípios formam um debate de no mundo da ciência, decorrentes da teoria de Darwin da seleção natural, depois chamada como "sobrevivência do mais apto" pelo cientista e antropólogo Herbert Spencer.2 Esta teoria afirma que aqueles que são eliminados na luta pela existência não se adaptam e que só sobrevivem os melhores adaptados.3 É este conceito "cada um por si” que levou ao desenvolvimento de muitas teorias ao longo dos anos que analisam o altruísmo e egoísmo e a interação entre os dois.

Será que sentirmo bem depois de ajudar alguém faz de nós egoístas?

É possível fazer algo para o benefício de outra pessoa sem qualquer ganho pessoal? Estudos têm demonstrado que ajudar os outros pode fazer-nos sentir feliz, e ter um efeito positivo sobre a nossa satisfação com a vida.4,5 Mas isso faz de nós egoístas? Alguns cientistas acreditam que isso pode ser explicado pelo facto de que há dois motivos para ajudar os outros:6


Alguns cientistas acreditam que existem dois motivos para ajudar os outros6


1. O nosso desejo de reconhecimento

As recompensas obtidas por ajudar os outros incluem a gratidão da pessoa que ajudou, a sua felicidade pessoal e o reconhecimento que receberá. Além disso, há o pensamento de que outros podem retornar o favor quando precisar. Neste caso, a ajuda que você forneceu pode ser considerado um acto egoísta.6

2. Conectividade com os outros

Estudos têm demonstrado que algumas pessoas ajudam movidas pelo sentimento de empatia e por um sentimento de conexão com a outra pessoa. Neste caso, as pessoas mostraram-se felizes em ajudar, apesar de dano potencial ou risco para si, demonstrando assim um comportamento verdadeiramente altruísta.6

A importância de criar uma comunidade pelo altruismo

A influência da conectividade e das comunidades tem sido amplamente estudadas, e pensa-se que a evolução levou as pessoas a ser altruísta para com as comunidades com as quais sentem uma ligação.6,7 Isto deriva da necessidade das pessoas desenvolverem capacidades de colaboração.7 Acredita-se que essas novas capacidades de colaboração e motivação foram posteriormente ampliadas para a vida em grupo em geral, como defesa das comunidades. Como parte desta nova comunidade de espírito, as pessoas criaram convenções e normas culturais que permitem o sentimento de pertença a um grupo.7

Altruismo das comunidades atuais

 

A raça humana tem criado com a evolução a necessidade de ajuda ao próximo

É evidente que a raça humana tem evoluido para ajudar os outros.8 Um dos aspectos altruísmo comunitário é o desenvolvimento das ‘comunidades on-line’. Hoje, comunidades on-line permitem que as pessoas com interesses ou objetivos semelhantes, consigam trabalhar em conjunto e partilhar experiências, independentemente da sua localização geográfica. Isto significa que há uma gama mais ampla de informações, e um grupo maior de pessoas a quem pedir conselhos. A comunidade de pessoas que sofrem de doenças de pele graves é um grande exemplo disso, com a existência de inúmeros grupos globais de apoio e sites como este “Uma pele para vida”, bem como canais de media social, que são uma ótima maneira para se ligar com os outros e partilhar experiências, conselhos e apoio.

Se você é sofre com o impacto da sua doença de pele ou quiser mais informações ou conselhos, lembre-se que o apoio está disponível. Você pode falar com os seus grupos de apoio locaisl, ligar-se com outras pessoas através de comunidades on-line, ou falar com o seu médico.

Referências

  1. Internet Encyclopaedia of Philosophy. http://www.iep.utm.edu/altr-grp/ Consulta em junho de 2015.
  2. Principles of Biology of 1864, vol. 1, p. 444.
  3. Oxford dictionaries. http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/survival-of-the-fittest?q=survival+of+the+fittest. Consulta em junho de 2015.
  4. Buchanan K and Bardi A. J Soc Psychol. 2010; 150(3):235–237.
  5. Weinstein N and Ryan R. J Pers Soc Psychol. 2010;98(2):222-44.
  6. Social Psychology: Fourth Edition 2015. Chapter 14 Pages 538-543.
  7. Tomasello M et al. Current Anthropology 2012;53:673-692.
  8. Moll J et al. PNAS 2006;103:15623-15628.
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